21 junho 2007

Soltem os Cães!!

Convido-vos agora a enviarem as vossas tão desejadas cartinhas, que têm estado arrumadas na vossa cabeça, e que nunca se atreverão a colocar em papel.

Proponho um excelente exercício de libertação!

19 junho 2007

Carta n.º 11



Lisboa, 28 de Agosto de 2006


Ex.ma Srª Drª Maria do Rego Grande,

A partir do dia de hoje, informo, rescindo o contrato assinado há já tanto tempo!! Darei como aviso prévio não os 2 meses mas metade. Penso que será o suficiente para se verem livres de alguém tão incompetente como eu.

Vamos ser colegas, chefe! Vou ser DRH também, já viu?? Temos que comemorar!! Talvez passar um dia de trabalho em 2 ou 3 shoppings, nas compras, já viu como seria bom? Estarmos a ganhar as duas rios de dinheiro e não fazer nenhum?...

Só encontro um pequeno entrave; a chefe vai ter um trabalhão do caraças, depois de ler esta cartita…é que vai ter que fazer entrevistas para pescar mais um saloio no mercado de trabalho, depois vai ter que o formar, e depois vai ter de o preparar para a odisseia que vai ser para o ano…tantas aberturas…tantos cursos de formação para dar…e tão pouco tempo para formar esta nova pessoa…Também, não nos vamos preocupar muito com isso, pois não?..O que interessa mesmo é a nossa transferência bancária no final do mês, e levar à borla umas quantas folhas coloridas para fazer de passe-partout nas fotos dos nossos mal-educados filhos.

Pensando melhor, há outro entrave; apesar dos 6 anos de convivência, eu não absorvo os maus hábitos dos outros, portanto nunca a tomei como exemplo, nem sequer para a escolha de roupa que faz…

Bom, gostei muito desta experiência enriquecedora, tanto a nível profissional como a nível pessoal e só tenho a agradecer todas as oportunidades que me foram dadas, porque também aprendemos muito com os maus exemplos com que todos os dias somos obrigados a conviver.


Os meus melhores cumprimentos,

Carta n.º 10



Lisboa, 20 de Março de 2006


Ex.ma Srª.,


Com esta carta venho por término ao contrato que celebrei com esta empresa a 4 de Setembro de 2000.

Os motivos são muitos. São tantos que nem me vou dar ao trabalho de perder o meu precioso tempo a enumerá-los. Já perdi muito tempo com esta empresa.

No entanto não queria deixar de reembolsar à empresa os 8,5 € gastos numa viagem da zona da Expo para minha casa. Como se deve recordar, porque ainda hoje falámos do assunto, eu estava nesse dia cheia de dores nas costas; para ir minimamente bem vestida para a fogueira das vaidades, calcei uns sapatos de salto alto que me lixaram ainda mais a coluna. Ao fim do dia, não tinha posição de estar.

Lembra-se? Pedi-lhe para ir para casa de táxi, porque tinha 3 linhas de metro pela frente, e à hora de ponta iria custar-me muito andar de metro. Torcendo o nariz, disse-me que sim. E eu registei que sim, que podia apanhar um táxi para casa. Qual não é o meu espanto hoje quando me atira à cara que foi a primeira e a ultima vez que acontece tal coisa. Mas minha senhora, se a senhora paga o seu táxi ou não, é lá consigo! Eu nem deveria ter ido a essa reunião; soube-me bem o almocito à borla…

Bom. Já perdi muito do meu tempo a escrever esta breve carta. Irá encontrar no envelope os 8,5 €. Peço desculpa pela quantidade de moedinhas escuras, mas não tinha maior.

Já pensou na quantidade de salames de chocolate que pode enfardar com os 8,5 €?....



Adeus chefe,

Carta n.º 9



Lisboa, 14 de Março de 2006


Ex.mos Srs.,


Por escrito venho dizer Adeus, com A maiúsculo, porque é sentido este Adeus.
É um “Adeus, até nunca”, ou se preferirem, um “Adeus, havemo-nos de encontrar, e lembrem-se, cá se fazem, cá se pagam”.

É com Saudade que me despeço, porque levo poucas, mas boas, memórias de alguns dos meus colegas, o que nos rimos, o que passámos juntos, o que gozámos com o circo que os senhores montaram ao longo de todos estes anos. Saudade continuarei a sentir pelas pessoas boas que aí terão de ficar, contrariadas, frustradas, acinzentadas e murchas. Há muitas, caso não tenham reparado. E todas essas pessoas, são competentes e de bom fundo.

Mas bem sabemos que nesta bela empresa só os cínicos e hipócritas se safam. Diz o ditado “se não podes com eles, junta-te a eles”. Não. Muito obrigada, mas não!

Sou verdadeira. Sou fiel. E agora, sou forte.



Cumprimentos,

Carta n.º 8



Lisboa, 14 de Março de 2006


Ex.ma Sr.ª,


Porque não lhe posso chamar Doutora, como gosta de se declarar.

Venho por este meio informá-la que não vou voltar a chegar atrasada a esta empresa, seja por mero atraso ou por ter terríveis dores nas costas. Não vou voltar mais a carregar ao ombro o computador mais antigo e mais pesado da empresa. Não sei se se recorda, mas em 2003 tive um acidente de trabalho que me deixou imóvel na cama por 2 dias. Hoje sei que tenho uma hérnia discal.

Não chego mais atrasada, porque a partir de amanhã, o meu lugar estará à disposição de qualquer recém-licenciado que o queira ocupar.

Estes cinco anos e meio só me fizeram mal, física e psicologicamente. Está na altura de cuidar de mim e deixarem cuidar de mim; há muitas empresas que se preocupam com os seus colaboradores. Uma delas gostou de mim e acredita que eu tenha competências para trabalhar com pessoas, ao contrário desta.

Não sei de onde lhe vem esse prazer mórbido de infernizar os seus colaboradores, as suas abelhas obreiras, mas se um dia reconhecer que tem problemas de índole psicológica posso remetê-la para uma psiquiatra ou uma psicóloga. São muito boas. Fizeram com que eu acreditasse novamente em mim, com que eu reconhecesse o meu real valor, e com que não me deixe, nunca mais, subvalorizarem-me.


Sem outro assunto, minha querida,

Carta n.º 7



Lisboa, 2 de Janeiro de 2006


Ex.mos Srs,


Venho por este meio rescindir o contrato com esta empresa no dia 4 de Setembro de 2000. Não irei dar os 60 dias de aviso prévio, mas também não me vou embora amanhã.

Vou embora ainda hoje, porque este ar que aqui se respira faz-me mal aos pulmões, as diversas paisagens que os meus olhos tiveram de observar ao longo dos anos, agravaram-me a miopia, o consecutivo respirar ansioso e expectante, causou-me problemas de estômago, as diversas caixas pesadas com material de formação que andei a carregar nestes 5 anos, tornaram ainda mais insinuosa a minha escoliose.

Como devem compreender, estou um caco. A nível psicológico, só não dei em maluquinha, porque fora da F.P. de M. tenho uma rede social e familiar que me amparou as quedas no poço da depressão.

Levo os postais que os meus colegas mais chegados me foram oferecendo ao longo destes anos; de resto a minha mesa esperará que alguém a arrume, porque eu não ter tempo.

Esperarei apenas pelo cheque das contas finais e baterei a porta, não olhando para trás.


Sem outro assunto,


Carta n.º 6



Lisboa, 2 de Janeiro de 2006


A quem interessar,


Ao contrato celebrado em Setembro de 2000, venho por um término finalmente. Custou, mas foi!

Esperava escrevê-la no ano passado, mas não foi possível. Não por mim, claro. Já estava a ficar preocupada com tanta demora, mas é natural. Afinal, uma pessoa licenciada e com uma pós graduação tem que ter competências válidas noutras empresas….mas a experiência prática aqui nesta empresa de nada vale…

Não foi um prazer, foi uma dor de cabeça! Não agradeço a ninguém a oportunidade que me deu, porque não me foi dada nenhuma. Mas uma coisa é certa. Não vou esquecer estes 5 anos e 4 meses. Tenho pena de sair e deixar alguns colegas para trás, que estão tão desesperados como eu estava, mas levo-os como amigos, no coração e garanto que se os poder ajudar a sair o farei, com todas as minhas forças.

Peço desculpa pela trabalheira que vou dar ao terem que fazer mais entrevistas….que maçada….mas haverá sempre alguma lambe-cús que as vai fazer. Adios amigos!


Sem outro assunto,

Carta n.º 5



Lisboa, 8 de Dezembro de 2005


Ex.mos Srs,


Venho por este meio informar que irei deixar de fazer parte deste circo patético, desta fogueira das vaidades, a partir deste dia, 8 de Dezembro, pondo término ao contrato celebrado em Setembro de 2000.

Se aprendi alguma coisa? Aprendi. Aprendi a ser falsa, cínica e dissimulada. Aprendi a ‘engolir sapos’, como um dia alguém lhe chamou. Aprendi a ver pessoas pedirem ajuda sem obterem resposta. Aprendi como se procede perante alguém que denuncia uma situação injusta, que no entanto não é abonatória à grande família que esta empresa é.

Mas aprendi também que gosto muito de ser quem sou, e aprendi que não vou mudar a minha personalidade ou forma de estar, só para agradar a quem detém o poder absolutista nesta empresa. Aprendi que sou livre e senhora das minhas próprias ideias e opiniões. Aprendi a manter-me fiel a mim mesma!



Sem outro assunto,

Carta n.º 4



Lisboa, 24 de Novembro de 2005


Ex.mos Srs,


Venho pela presente rescindir o contrato de trabalho assinado com esta empresa em Setembro de 2000.

Antes de mais gostaria de partilhar convosco a alegria que é escrever esta carta. Houve já quem dissesse que, na vida há duas felicidades: uma é quando se entra nesta empresa, a outra é quando se sai. Gostaria de felicitar a vossa ex-colaboradora pela capacidade de expressão, pois faço minhas as suas palavras.

E vou-me embora então porquê?

Se calhar não tenho o perfil…mas ao fim de 5 anos de trabalho terei sido avaliada, e se fosse o caso, esta carta teria outra data e seria eu a recebê-la. Não, não é por aí….

Não tenho já é paciência, esgotou!

Qual comunicação aberta, qual alto nível de exigência, qual promoção interna, e qual tratamento digno e justo! Já para não falar da rápida tomada de decisões! A minha não foi rápida; a conjuntura sócio-económica do país não o permitiu…Mas chegou agora a altura.

Tive muito prazer em escrever esta carta,

Carta n.º 3



Lisboa, 23 de Novembro de 2005


Ex.mos Srs,


Venho com esta carta rescindir o meu contrato com a empresa, celebrado a 4 de Setembro de 2000.

Neste tipo de documento costuma-se dizer o quão bom foi trabalhar na empresa, o quanto se aprendeu, mas que, enfim, surgiu uma oportunidade melhor, e é com imensa pena que blá, blá, blá…..

Pois é com alguma pena que não vou poder afirmar o mesmo.

Terá eventualmente sido bom trabalhar aqui no primeiro ano; depois perdeu a piada, ao ver que, em vez de me desenvolver como técnica e como pessoa, regredia. Não aprendi nada; pelo contrário desaprendi. Emburrei e estupidifiquei. Vi-me na obrigação de tirar uma pós graduação para ter a oportunidade de aprender qualquer coisa com outras pessoas e de aprender técnicas não fictícias de recursos humanos.

De facto surgiu uma oportunidade melhor. Também não era difícil…Melhor que isto, qualquer empresa faz. Surgiu foi tarde a oportunidade! Mas mais vale tarde do que nunca, costuma-se dizer e é verdade!

E não é com pena nenhuma, mas com uma enorme alegria que deixo o meu lugar à vossa disposição para com ele fazerem o que entenderem. Mais acrescento, que escrever esta carta foi das coisas que mais prazer me deu nos últimos tempos.


Os meus cumprimentos,

Carta n.º 2



Lisboa, 22 de Novembro de 2005


Ex.mos Srs,

Venho por este meio apresentar a minha carta de rescisão ao contrato celebrado com esta empresa no dia 4 de Setembro de 2000.

Durante estes 5 anos, 2 meses e 18 dias aprendi e mudei muito a minha visão sobre a vida e sobre o mundo empresarial.

Entrei com a ilusão natural de quem entra numa empresa pela 1ª vez. Entrei segura e confiante de mim e das minhas capacidades. Crente que teria muito para dar e para desenvolver aqui.

Não passou muito tempo até eu perceber que era realmente inteligente – afinal sabia fazer gráficos em Excel!!...Depois desta grande descoberta, comecei a entender que não apenas existem pessoas de boa índole e trabalhadoras, como também pessoas desequilibradas, histriónicas e possuidoras de requintes de malvadez.

Para resumir um pouco esta carta de rescisão, posso acrescentar que estive na melhor escola da vida, onde me licenciei em cinismo, tirei o mestrado em futilidade e por fim, um doutoramento em saber estar calada.

Hoje, saio com uma auto estima mais baixa mas continuo confiante nas minhas capacidades. Cansei-me de estar a marcar passo com pessoas desinteressantes cuja tarefa principal é constantemente criticar os outros, fazer compras, unhas, madeixas e “foder” o próximo, já que não o faz em casa.

Sem outro assunto,

Carta n.º1

Lisboa, 23 de Setembro de 2005



Ex.mos Srs,

Serve a presente para rescisão do contrato que celebrei com esta empresa em Setembro de 2000.

Saio por motivos pessoais que se prendem com a incompatibilidade nas relações profissionais que tenho mantido com a DRH e a DG desta empresa.

Foi-me hoje comunicado que eu, nesta empresa, represento os “recursos desumanos”, e que, “a ter jeito para trabalhar nalguma coisa, com certeza não é com pessoas”, pelo que deixarei de trabalhar com a XPTO e passarei única e exclusivamente a trabalhar em Formação.

Com a devida formalidade e atenção que merece um DG, ouvi e aceitei, apesar de discordar com opinião tão pouco fidedigna e parca de fundamento. Como pessoa ponderada e calma que sou, relembrei estas palavras e cheguei à conclusão de que na área da Formação, é essencial trabalhar com pessoas, aliás, não faz qualquer sentido a formação se não existirem pessoas…Assim sendo, e não correndo o risco de desagradar uma vez mais à empresa, apresento a minha decisão, estando certa que, ao continuar a minha prestação de trabalho, iria de alguma forma agir contra a opinião e as sábias palavras da DG.


Desejos das maiores felicidades para a empresa,